Profa. Vera Macedo (de Coimbra)
A primavera chega a Coimbra. Da minha janela, vejo o sol dourando as recém-nascidas folhas, revestindo as árvores desnudas. A praça parece louvar a Deus como se houvessem pousado em seus galhos uma infinidade desses serezinhos que, na crendice popular, dão sorte (Louva-Deus). E o verde chega com um brilho e uma beleza encantadores, acho que de tanta espera.
Estou a escrever-lhes hoje com um certo aperto no coração. Sei que, ao lerem este texto, a nossa FaE já estará em outro local que não é o nosso templo mineiro da Educação nomeado por mim, com respeito e profundo amor, de “casa rosada”. Já terá saído do Instituto de Educação ao qual, em quase um século, conferiu status, valor, prestígio e, sobretudo, seriedade na construção do conhecimento.
O curso de Pedagogia preservou a sua identidade na diversidade, adversidade e, finalmente, enquanto Faculdade de Educação, na Universidade.
O que me conforta é a historia. Esta não se esquecerá dos debates, das pesquisas, das aulas dialogadas ou das exposições magistrais sejam de professores ou alunos, ecoando nas paredes, nos corredores, na biblioteca, na sonoridade inteligente dos cultos Saraus Literários.
A história está em nós que vivemos isto e temos a ventura de contá-la e demonstrá-la em que mares ou recantos do mundo atravessaremos. A historia consagrará não um capitulo, mas muitos sobre essa Faculdade de Educação que ora teve que se retirar do templo para seguir o seu destino, marcando outros espaços que lhe forem concedidos, com a nobreza e a grandeza que a caracterizam.
Conto-lhes o que a historia mostrou-me ao rever a Biblioteca Joanina visitada por pessoas do mundo inteiro, o que quase me impediu de vê-la novamente, a fim de expor-lhes, com fidedignidade, particularidades dessa preciosa casa de livros da Universidade de Coimbra. Passo-lhes com meu olhar fotográfico, como diz Sophia de Mello Brynner, a melhor foto que se pode tirar.
O seu antigo nome era a Casa da Livraria, recebendo os primeiros livros, depois de 1750, sendo o edifício construído entre 1717 e 1728. Abriga, hoje, cerca de 200.000 volumes, havendo no piso nobre por volta de 40.000 títulos. As coleções datam dos séculos XVI, XVII e XVIII, em sua maioria, representando o que havia de melhor na Europa culta daquele tempo. Todos os exemplares estão em boas condições porque o edifício é uma verdadeira caixa-forte com um ambiente aclimatado, mantendo um índice de umidade relativa de 60° uma vez que todo o interior da biblioteca está revestido de madeira. A construção da Biblioteca foi pensada para ser uma casa de livros e, assim sendo, tem a protegê-los paredes exteriores de 2 metros e 11 centímetros de espessura. A porta desse “cofre” é feita em madeira nobre (teça) o que permite ter-se uma temperatura constante de 18° a 20° C. Outro fato interessante: os livros, além de terem como inimigo o fator de degradação, têm também um outro inimigo - os papirógrafos (insetos que se alimentam de papel), mas neste edifício, não há qualquer problema porque as estantes são feitas de carvalho que, em sendo extremamente densas, ainda exalam um odor que os repele.
O mais curioso, entretanto, é que os livros também contam com mais um aliado em sua conservação. No interior desse templo dos livros, habita uma colônia de morcegos que, soltos durante a noite, alimentam-se dos tais insetos que ali aparecem, protegendo toda aquela preciosidade bibliográfica. Naturalmente que, antes de oferecer o banquete àqueles mamíferos, todas as mesas e buffets são cobertos com couro e, na manhã seguinte, tudo é rigorosamente limpo.
Portanto, essa é uma viagem magnífica e imperdível. Preservada e celebrada como é, encanta-me, porque, na verdade, é uma celebração ao conhecimento, uma ode ao saber. E, cada dia mais, acredito que a vida vale pela construção contínua do conhecimento, pelo sabor de ler o mundo, pelo respeito ao outro e pelas viagens dentro de cada um, seja a Odisséia, As viagens a minha terra, minhas, suas, de Homero ou Garret.
Ao contatar-me com colegas de todo o mundo, chego à convicção de que é nas pesquisas, nas leituras, no convívio com os mais diferentes saberes que está a chave da perenidade.
Saí da Joanina com a certeza de que a FaE, desde os seus primórdios, curso de Aperfeiçoamento (1923), Curso de Pedagogia (1969) Faculdade de Educação (1995) fortalecerá, como centro irradiador do saber em qualquer sítio que vier a instalar-se. Então, fiquei com o coração em paz.
A primavera chega a Coimbra. Da minha janela, vejo o sol dourando as recém-nascidas folhas, revestindo as árvores desnudas. A praça parece louvar a Deus como se houvessem pousado em seus galhos uma infinidade desses serezinhos que, na crendice popular, dão sorte (Louva-Deus). E o verde chega com um brilho e uma beleza encantadores, acho que de tanta espera.
Estou a escrever-lhes hoje com um certo aperto no coração. Sei que, ao lerem este texto, a nossa FaE já estará em outro local que não é o nosso templo mineiro da Educação nomeado por mim, com respeito e profundo amor, de “casa rosada”. Já terá saído do Instituto de Educação ao qual, em quase um século, conferiu status, valor, prestígio e, sobretudo, seriedade na construção do conhecimento.
O curso de Pedagogia preservou a sua identidade na diversidade, adversidade e, finalmente, enquanto Faculdade de Educação, na Universidade.
O que me conforta é a historia. Esta não se esquecerá dos debates, das pesquisas, das aulas dialogadas ou das exposições magistrais sejam de professores ou alunos, ecoando nas paredes, nos corredores, na biblioteca, na sonoridade inteligente dos cultos Saraus Literários.
A história está em nós que vivemos isto e temos a ventura de contá-la e demonstrá-la em que mares ou recantos do mundo atravessaremos. A historia consagrará não um capitulo, mas muitos sobre essa Faculdade de Educação que ora teve que se retirar do templo para seguir o seu destino, marcando outros espaços que lhe forem concedidos, com a nobreza e a grandeza que a caracterizam.
Conto-lhes o que a historia mostrou-me ao rever a Biblioteca Joanina visitada por pessoas do mundo inteiro, o que quase me impediu de vê-la novamente, a fim de expor-lhes, com fidedignidade, particularidades dessa preciosa casa de livros da Universidade de Coimbra. Passo-lhes com meu olhar fotográfico, como diz Sophia de Mello Brynner, a melhor foto que se pode tirar.
O seu antigo nome era a Casa da Livraria, recebendo os primeiros livros, depois de 1750, sendo o edifício construído entre 1717 e 1728. Abriga, hoje, cerca de 200.000 volumes, havendo no piso nobre por volta de 40.000 títulos. As coleções datam dos séculos XVI, XVII e XVIII, em sua maioria, representando o que havia de melhor na Europa culta daquele tempo. Todos os exemplares estão em boas condições porque o edifício é uma verdadeira caixa-forte com um ambiente aclimatado, mantendo um índice de umidade relativa de 60° uma vez que todo o interior da biblioteca está revestido de madeira. A construção da Biblioteca foi pensada para ser uma casa de livros e, assim sendo, tem a protegê-los paredes exteriores de 2 metros e 11 centímetros de espessura. A porta desse “cofre” é feita em madeira nobre (teça) o que permite ter-se uma temperatura constante de 18° a 20° C. Outro fato interessante: os livros, além de terem como inimigo o fator de degradação, têm também um outro inimigo - os papirógrafos (insetos que se alimentam de papel), mas neste edifício, não há qualquer problema porque as estantes são feitas de carvalho que, em sendo extremamente densas, ainda exalam um odor que os repele.
O mais curioso, entretanto, é que os livros também contam com mais um aliado em sua conservação. No interior desse templo dos livros, habita uma colônia de morcegos que, soltos durante a noite, alimentam-se dos tais insetos que ali aparecem, protegendo toda aquela preciosidade bibliográfica. Naturalmente que, antes de oferecer o banquete àqueles mamíferos, todas as mesas e buffets são cobertos com couro e, na manhã seguinte, tudo é rigorosamente limpo.
Portanto, essa é uma viagem magnífica e imperdível. Preservada e celebrada como é, encanta-me, porque, na verdade, é uma celebração ao conhecimento, uma ode ao saber. E, cada dia mais, acredito que a vida vale pela construção contínua do conhecimento, pelo sabor de ler o mundo, pelo respeito ao outro e pelas viagens dentro de cada um, seja a Odisséia, As viagens a minha terra, minhas, suas, de Homero ou Garret.
Ao contatar-me com colegas de todo o mundo, chego à convicção de que é nas pesquisas, nas leituras, no convívio com os mais diferentes saberes que está a chave da perenidade.
Saí da Joanina com a certeza de que a FaE, desde os seus primórdios, curso de Aperfeiçoamento (1923), Curso de Pedagogia (1969) Faculdade de Educação (1995) fortalecerá, como centro irradiador do saber em qualquer sítio que vier a instalar-se. Então, fiquei com o coração em paz.
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